domingo, 13 de maio de 2018

Alan Hynd - Gênios do crime


A história verídica e espantosa de três advogados brilhantes que puseram sua inteligência a serviço dos fora-da-lei
Título original ianque: Defenders of the damned
Um livro esplêndido
Se diz que muitas vezes a realidade supera a fantasia. Aqui vemos a realidade do mundo criminal, muito mais rica que na moralista e maniqueísta literatura policial. E o principal que falta na literatura policial: Muito humor e ironia. Como os conceitos dum dos três biografados, Darrow:
Raramente aceitava alemão ou sueco pra jurado. Afirmava que os alemães eram muito obstinados nas crenças e que os suecos eram cabeças-duras. Há quem atribua a Darrow a origem da piada, talvez surgida num momento de amargura, de que a única coisa mais estúpida que um irlandês estúpido era um sueco inteligente. Os jurados prediletos de Darrow eram os irlandeses e judeus. Os achava muito emotivos e fáceis de se comover. O júri perfeito, na opinião, era o formado por seis irlandeses e seis judeus. Certa vez comentou:
— Dai a mim um júri assim e livrarei Judas Iscariotes com simples multa de 5 dólares.
Na vida real não existe gênero. Ninguém vive um enredo de terror, comédia, etc. Na vida tudo se mescla com muita complexidade. É por isso que o mundo real é muito mais interessante que a mais interessante ficção.
Já disseram que Edgar Allan Poe era inteligente demais pra escrever terror pelo terror. E isso não implica em extremo realismo, o que é outro extremo indesejável.
Gosto do gênero policial mas detesto os filmes e livros com enredo em tribunal. Não suporto seu excesso de formalismo, seu elitismo e suas babaquices. Por isso não gosto do seriado Jornada nas estrelas (Star trek). Não só pela ausência de humor mas pelo excesso de formalismo marcial, a todo momento um tratando ao outro como senhor, como se num quartel.
Em nossa civilização o tribunal não passa dum teatro onde se brinca de salomão pra aplacar o populacho imbecilizado, onde as decisões são interpretativas, circunstanciais, relativas. Realidade estupendamente desnudada por este livro.
O leitor tomará consciência do quão fácil é manipular o tribunal de júri, essa instituição esdrúxula e demagógica que, como a democracia, não funciona e não pode funcionar.
Este livro te ajudará a despertar do sono e ver o mundo jurídico como realmente é.
Nunca mais verás um tribunal como antes.
O rei está nu!
Aqui em Mato Grosso do Sul bola-de-gude é bolita. Nada de pipa ou papagaio. É pandorga. Não gosto dos termos pipa e papagaio pra pandorga, pois são outras coisas. Até em castelhano esse objeto tem nome impróprio, remetendo a outra coisa: Cometa. Corrida de cavalo é carreira. Aqui temos um vocábulo pra fruto que está maduro demais, já passando do ponto, pachucho. Apesar de estar nos textos regionais, nenhum dicionário registrou o vocábulo, grande ou pequeno, antigo ou mais recente: Ruth Rocha, Silveira Bueno, Globo…
E tomes notícia hospicialeira na internete! É arqueólogo que diz que recolheu o adeene de Jesus, notícia de que o acelerador de partícula ressuscitará Nemirode pra que governe o mundo, que o planeta Trapista 1-E (Os trapistenses fizeram voto de silêncio?) é muito parecido com a Terra… Erraram feio com Plutão mas não dão o braço a torcer, mantêm a pose e continuam fingindo ser cientistas quando são animadores de auditório. Na internete tem notícia de todos os tipos de fantástico que se possa imaginar. Mais literatura que ciência. O que parece é que ressuscitaram Lovecraft pra administrar a internete.
Neste mundo desvairado, não era de estranhar eu ser parabenizado pelo dia da mulher.
Hoje, o tal dia das mães, almoçando na casa de Ramão, um amigo seu pediu pra falar com Emiliana, e deu um efusivo, meloso e piegas parabéns pelo dia das mães, patati-patatá. Mas Emiliana não é mãe! O casal optou não ter filho.
Pelo que entendo desde criança, no dia das mães cada um festeja a sua. Mas nos últimos anos vi deformar esse conceito, cada um se vendo na obrigação de parabenizar a todas as mães! Bom… Se Papai-Noel pode entregar presente pra cada criança… Talvez Papai-Noel entregue presenta apenas pra cada criança boa, o que reduz enormemente a tarefa!
Dizem que um dos motivos do fim do paganismo era porque os rituais ficaram tão complexos, que já não se podia mais. É o que ocorre no mundo consumista, a nova religião de culto às datas. É dia disso e daquilo, daquele e daqueloutro. Haja planilha pra se lembrar do dia de cada coisa e do aniversário de cada um. É a suprema imbecilização.
Já quantos amigos e colegas contaram que era só esquecer o dia da mulher e a esposa já ficava emburrada.
Felizmente desde 2008 moro sozinho e não tenho contato social. Só de lembrar da vida em família e suas supremas babaquices fico arrepiado. No aniversário dum familiar todos fazendo vaquinha pra dar o presente. Chega o do outro e o mesmo. Só os peões deslocam uma peça. E fica eternamente essa sem-graceira que leva a nada e nada significa. Um horror.
Uma repartição onde distribuem flor no dia da mulher, supra-sumo da babaquice, pode parecer lindo na cabeça do zumbi imbecilizado pela mídia, mas na verdade é um horror. Está mais pra Kafka, Murnau ou Fritz Lang.
É preciso reformar o calendário, extinguir essa praga de dia de. Um mundo sem fogo-artificial, data comemorativa nem som alto.







Aqui fotos do semáforo que de longe fica atrás do poste. Ainda bem que tem outro central. Avenida Júlio de Castilho com Nioaque.
Sobre o sotaque brasileiro ser muito atraente pra qualquer língua:
3:33

2:00

Coleção cartão-postal de Joanco
 




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