quinta-feira, 8 de junho de 2017

Grandes temas de lo oculto y lo insólito 3 de 4

  

 Os míni-bandidos e um conto de Bóris Karloff

● Concluir que porque há concha nas margens o lugar esteve no nível do mar pode ser um engano, já que, como disse Otto Muck em O fim da Atlântida (Alles über Atlantis: Alte thesen - Neue forschung), a espantosa catástrofe que causou o mais recente dilúvio universal produziu ondas que atingiam o pico do Himalaia.
Os cientistas, aparentemente tão rigorosos e demonstrativos, fazem suposições apressadas e irresponsáveis que pouco a pouco viram dogma por acomodação. Essa das conchas é apenas uma. Basta um cientista ou diletante filosofar que a inteligência humana se desenvolveu por causa das mãos e de observar as estrelas, a idéia se solidifica como tártaro dentário e se estabelece como dogma não-escrito. Como esse, muitos estereótipos científicos e cinematográficos sofrem o mesmo fenômeno. Outros dogmas são de que a Terra tem gravidade constante ao longo da existência, de que a Terra é maciça e tem o núcleo de ferro fundido, e muitos outros.
● Uma inversão dos nomes de dois extremos geográficos:
A constituição da cidade-estado grega é conseqüência de longo processo. Conforme Mossé, o que conhecemos como civilização grega se desenvolveu entre os séculos -8 e -4, em extensa área que ia do mar Negro (as então chamadas colunas de Hércules) ao estreito de Gibraltar, então conhecido como ponto Euxino.

Antígona e a ética trágica da psicanálise, Ingrid Vorsatz

● O que conhecemos como colunas de Hércules é o estreito de Gibraltar, entre o sul da Espanha e o norte da África. Mas no passado houve outras.
Em entrevista à agência russa de notícia Sputnik, Frau contou que, enquanto se acredita que os chamados pilares de Hércules definem o que é conhecido como estreito de Gibraltar, na verdade estariam localizados no estreito da Sicília. Portanto a ilha misteriosa descrita por Platão é a Sardenha.
Também entre o mar de Mármara e o mar Negro, separando Ásia de Europa, um estreito que já foi chamado colunas de Hércules.
As colunas de Hércules à qual Platão teria se referido seriam não o estreito de Gibraltar mas o estreito que outrora comunicava ao Mediterrâneo o lago Tritônis de Diodoro, o atual Chott-el-Jerid, lago salgado e sazonal no Saara, que seria ao mesmo tempo o mar Atlântico que Platão erradamente tomara por oceano.
[…] as medidas de Platão estariam exageradas por um fator de 30 (devido à confusão entre estádios gregos e a unidade de medida egípcia), e essa Atlântida seria apenas uma colônia da Atland frísia referida por Oera-Linda
Thet Oera-Linda bok, um manuscrito escrito em frísio, que apareceu em 1867 e foi traduzido ao inglês em 1876. O texto, datado de 1256, afirma ser uma cópia de manuscritos ainda mais antigos, que datariam de -2194 a 803. Mas tudo indica que é fraude. O papel no qual foi escrita parece ser do século 19. Conta a história duma terra chamada Atland, povoada por ancestrais dos frísios, povo do extremo norte da Holanda e Alemanha, que teria afundado no mar do Norte em -2194, e de seus descendentes, que teriam difundido a civilização e a escrita da Fenícia a Tiauanaco. Essa versão nórdica da Atlântida teria grande influência nas teses sobre a superioridade dos arianos.
O geólogo alemão Paul Borchardt defendeu idéia semelhante em 1926. Identificou o antigo monte Atlas não com a cadeia do Magrebe que hoje tem esse nome, mas com as montanhas Ahaggar, no coração do Saara. Tentou estabelecer correlação entre os nomes dos dez filhos de Posêidon indicados por Platão com os de tribos berberes modernas e afirmou que as colunas de Hércules eram colunas propriamente ditas, dum templo desaparecido. Sugeriu que a Atlântida, rica em metal, seria o palácio de bronze de Alcínoo, de Odisséia, e também a cidade de bronze mencionada em Mil-e-uma noites. Perto de Cabes encontrou o resto duma fortaleza que pensou ser a Atlântida mas que logo se mostraram ter pertencido a uma cidade romana.
Em 2002 o jornalista italiano Sergio Frau publicou o livro Le colonne d'Ercole (Os pilares de Hércules), no qual afirmou que antes de Eratóstenes os gregos localizavam os pilares de Hércules no estreito da Sicília. Seria só após a época de Alexandre que o geógrafo os relocalizou. Segundo sua tese, a Atlântida seria a civilização nurágica da Sardenha, devastada por um vagalhão. Os sobreviventes fundaram a civilização etrusca. Mas a descrição de Platão seria influenciada por Cartago.
Também em 2004, Christian M Schoppe e Siegfried G Schoppe publicaram Atlantis und die sintflut (Atlântida e o dilúvio) no qual afirmaram que a Atlântida seria a costa noroeste do mar Negro, que submergira em -5.510. O mar Negro seria até então um lago dágua doce mas uma elevação do nível do mar fez o Mediterrâneo fluir ao Bósforo (que nesse caso seriam os pilares de Hércules), provocando a inundação.
Não é de espantar que haja tanta confusão no tema Atlântida. Se os investigadores ignoram que os rios mudam de curso ao longo dos milênios, que os nomes, muito pior, mudam muito mais, isso sem falar nas falsificações históricas e à arapuca de se acreditar em documentos duvidosos, vejamos um exemplo gritante:
Heracléia no mar de Mármara

Heracléia no mar Negro
Asiana seria todo ou parte do que Platão chamava Ásia
Notar que a norte da Armênia há um local chamado Ibéria e a nordeste Albânia
Imaginemos um historiador do século 31 estudando a desaparecida e enigmática civilização do século 21 cujos idiomas estão tão desaparecidos quanto o latim. Quanta confusão faria com Guadalajara no México e Espanha, Cartagena colombiana e espanhola, Córdoba argentina e espanhola, as quantas Santiago que há, tantos rio Grande, rio Negro, quantas cidades ianques com nome de cidade grega, Nova Iorque no Maranhão…
Ainda mais a confusão que faria com a Galícia, que em português é uma região histórica da Europa central, com a Galiza, que em castelhano se chama Galicia. Galícia, Galiza, Gália, Galiléia. Quê confusão faria! Não se sairia melhor que nós com nossa barafunda bíblica e atlante. O dâniquem do século 31 defenderia a tese de que no século 20 já colonizaram Europa, o satélite de Júpiter, o confundindo com o continente terreno.
Carcóvia - Uma das maiores cidades da Ucrânia, na região de Carcóvia
Cracóvia - Cidade do sul da Polônia, na margem do rio Vístula
● Folheando um enorme livro de arquitetura campo-grandense no sebo Hamurábi, eu disse ao vendedor:
— Está desatualizado
— É que…
— As ruas não têm buraco. 
● A manchete dum artigo no Linkedin:
Enquanto o prefeito de São Paulo, João Dória, e a justiça paulista travam uma guerra particular pela internação compulsiva de...
Sem comentário…

Coleção de cartão-postal de Joanco

 



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