domingo, 23 de setembro de 2012

Ética, competência e tal nas traduções, ilustrações e crédito em geral

repostando

Edgar Allan Pöe - Pequena conversa cuma múmia.pdf

Edgar Allan Pöe - Pequena conversa cuma múmia.docx

Antologia da literatura mundial - Contos e novelas de língua estrangeira, volume 2. Seleção e organização de Yolanda Lhullier dos Santos e Nádia Santos, 5ª edição, Edigraf, São Paulo, maio de 1962. Não consta nome do tradutor

Repostando conexão caída deste soberbo conto de Poe, com nova revisão e mais notas-de-rodapé. Muito copiado na rede, mas sem as notas.

Uma sátira a Eua. Aqui se entende o porquê de Poe não ser então muito reconhecido em seu país. Já em 1845 Poe percebeu que seu país não era boa coisa.

Um crítico afirmou que pela circunstância de sua vida Poe foi impedido de escrever texto longo, e também humorístico. Duas afirmativas falsas.
O conto acima é um exemplo de impiedosa sátira a seu país, o que pode explicar ter sido somente no estrangeiro.
Lendo o conto topei num trecho que ficou estranho e desconfiei de problema de tradução. Então procurei o original em inglês pra elucidar o trecho e vi que se tratava de trocadilho e que o tradutor, talvez na pressa e por não ter esse poderoso recurso de pesquisa que é a internete, passou varrendo. Esse e mais pus no texto em nota de rodapé.
É comum encontrar problemas assim. Quando encontro um trecho estranho logo desconfio de erro de tradução. Às vezes aparece uma palavra, por exemplo, eventualmente meio deslocada e já percebo que traduziram eventually a enventualmente, o que é um erro. Até o tradutor automático Globalink comete esse pecado.
Por isso o fenômeno de se ler um texto em duas traduções diferentes e constatar discrepâncias tão grandes. Foi com o mesmo espanto que comparei algumas réguas escolares e vi que as discrepâncias dos centímetros era enorme.
Já comentei aqui as aberrações de traduções de Lovecraft ao castelhano: Por exemplo, em A noite oceânica um trecho onde a personagem, hospedada numa casa sobre uma duna, saiu da casa e desceu a duna. Isso fica bem claro no original inglês. Mas na tradução castelhana diz que rumou ao sul. No mesmo conto a escuridão foi se infiltrando na casa pelas frestas e foi traduzido como a areia se infiltrando. No conto O sabujo um inteiro trecho descritivo duma revoada de morcego onde foi simplesmente omitido. Estes três exemplos dão idéia clara do problema que é a tradução relaxada.
Ao cadastrar os contos de livros e das revistas X-9, Meia-noite, Policial em revista, Suspense, Ellery Queen mistério magazine, constatei o pouco caso em registrar os créditos. Raramente se vê o nome do tradutor. Ainda mais raro o do ilustrador. Mais raro ainda o título original. Em não poucos casos não aparece o nome do autor!
Nos quadrinhos também é raro o nome do roteirista, desenhista e autor da história.
Outro setor problemático é o das legendas de filme. Além dos erros e do desleixo não se atenta ao fato de que a leitura precisa ser rápida, portanto a legenda tem de ser objetiva, concisa, abreviada e curta. Números em vez de por extenso, omitir repetição e redundância, e evitar palavras e expressões supérfluas.
É urgente sairmos desta idade da pedra editorial, adquirirmos postura mais adulta e responsável. Uma tradução relapsa, um escaneio ruim, uma informação presumida, tudo isso é um serviço negativo, um desserviço, pois outro o deixa de fazer porque vê que já foi feito, sem perceber que foi mal-feito. O ruim impede o bom de nascer. É assim que preconceitos, estereótipos e erros se perpetuam: Muitas vezes uma informação errada, por ser única, é copiada. Então uma pesquisa acha muitas fontes mas todas copiadas duma original errônea. É assim que se pensa que guavira é guabiroba e que cajá é cajá-manga, por exemplo.
Mas nesse mar de incompetência e picaretagem aparecem paladinos para ordenar o caos.
Muito interessante a lista das edições não recomendáveis e, nos comentários, sobre professores que recomendam obras plagiadas e ou as utilizam em seus cursos.

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