Quase nostalgia 2
Da autobiografia não-autorizada de Che Guavira
Só liberada por causa da lei de liberdade de
informação
Quando a TV
Morena virou Globo passava o seriado Espaço
1999. De repente ficamos sem ele. Aquela série maluca onde a Lua saiu de
órbita e ficou vagando no espaço. E com ela uma estação espacial, onde se passa
a série. Só faltou contar como ficou a Terra sem a Lua. Se fosse hoje
poderíamos entrar com ação por perdas e danos em perder o seriado, os capítulos
da novela. Alegar que as crianças sofreram com isso, etc e tal.
Gostava desse,
apesar de não gostar de filmes ambientados em rotina marcial, cheios de Pois não,
senhor. Sim senhor. Senhor..., e nada de humor, como Jornada nas estrelas (Star trek). Me sinto mais aconchegado
com monstros exóticos, planetas misteriosos e sem seres humanos. Nos filmes de
ficção científica, terror, sempre fica aquela frustração ao ver a humanidade
derrotar o monstro. Sempre torço um pouco pro monstro. Ao menos um empate vai
bem.
Mas era uma
época quando nem se falava em cidadania, ecologia, bulem, assédio, etc. Idade
da pedra mesmo. Mas uma idade da pedra gostosa. Eu não queria ser adolescente
hoje. Criança hoje? Deus-me-livre!
Não gostei de
ser criança. Ser criança só é maravilhoso em programa infantil (infantilóide,
melhor dizendo) picareta, que cultiva o estereótipo da criança. Aquelas canções
e programas infantis de fim de ano, onde se decantava o quanto é bom ser
criança. Bom o cacete!
Quando se é
criança ninguém te respeita. Sai da frente! Não enche! Se tinha de ser
respeitoso com os adultos mas não vice-versa. Estás vendo televisão e os
adultos começam a conversar alto, interromper. E não podes dar um pio. Ninguém
respeita tua opinião, privacidade. E tudo é na base da bronca. Quantas vezes
foste humilhado e foste chorar amargurado e tudo ficou por isso mesmo? E
ficavas com água na boca de vontade de comprar aquele gibi mas não tinhas
dinheiro.
O ensino não
era tão ruim quanto hoje mas não havia tudo isso de direito e tal. Cada
professora neurótica! A gente ia a tranco e barranco. Depois, recordando, se
fica estupefato de ter sobrevivido.
No trânsito
nem pensar em direito do pedestre, essas coisas. A gente tinha de sair da
frente do carro de qualquer maneira. O pedestre nunca tinha razão e sempre saía
perdendo. Me lembro duma propaganda, na tevê, do Opala SS, que hoje seria
impensável. Esse opala tinha a traseira inclinada, igual uma Variant. O Opala
fazia cavalo-de-pau, cantava pneu, dava guinada de 90 graus feito disco-voador.
Era um charme.
Cinto-de-segurança
era luxo, capacete de motociclista também. De ciclista, então... Se podia lotar
o carro de gente, transportar carga de qualquer jeito. E vivíamos muito bem.
Só o que não
mudou é que até hoje os ônibus são lotados até a porta, feito lata de sardinha.
Hoje se paga com cartão, se entra na frente (antes era atrás) e não se pode
mais ir pendurado na porta, no lado de fora (já fiz isso).
Pois é. Nem
tudo mudou. Os saudosistas têm de reconhecer que ônibus lotado não foi extinto!
Zé Gotinha
seria frescura. As vacinas era com agulha grossa e depois, muito modernismo,
pistola de ar. Uma vez chegou à escola uma equipe de vacinação e fiquei me
escondendo. Levei uma dura da vacinadora: Tens 11 anos e ainda com medo de
vacinar? Nessa época todo adulto, seja médico ou professor, era sempre tosco e
mal-humorado. E assim eram os vacinadores. Nem um sorriso. Pareciam estar ali
na marra.
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