quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

À coleção Adeene neles!
Karin Knoblich – Regina Duarte

Karin Knoblich
Papel-de-parede no computador e musa oficial de Che Guavira
O correio disponibilizou um sistema de pré-postagem, na romântica idéia de agilizar a postagem na agência. O remetente preenche tudo no sítio do correio na internete e dá um código ao funcionário quando levar o pacote. Seria maravilhoso se funcionasse.
Provavelmente é serviço terceirizado, o que piora as coisas enormemente.
O engraçado é que o funcionário que recebe o pacote costuma ser muito competente, entende e atende muito bem (Tanto que quando chego com o pacote pergunta se fiz a pré-postagem e explica que isso agiliza o atendimento. Isso é competência), enquanto o programador, supostamente alguém mais intelectual e preparado, de quem se esperaria um desempenho admirável, faz um programa que é uma porcaria, não o experimenta pra ver se funciona, não consulta os clientes pra ver o que se pode melhorar. Simplesmente jogou o programa ali, como quem se livra dum fardo incômodo. O resultado é um formulário redundante, cansativo, pouco prático e não editável. O que mostra o nível de alienação e autismo desses profissionais (se é que o são) e descaso dos administradores.
O programa pede as três dimensões do pacote e o peso, como se todo mundo tivesse balança e instrumento de medida a alcance da mão. Pede uma infinidade de detalhes, como se todo remetente fosse funcionário do correio. No final pede de novo coisa já preenchida, como o peso. Como esse peso foi distraidamente preenchido dez vezes menor que o valor real, porque o programa começa cuma vírgula, e o remetente tem de acrescentar zero, o valor conflita com o antes preenchido ou com o valor da quantidade. Mas não dá pra voltar e editar, de tão malfeito é o programa. Exige número telefônico, como se fosse um absurdo o remetente não ter telefone.
Se eu, acostumado a usar computador fico confundido, imagines a pessoa comum, um idoso, etc.
Na primeira vez até consegui preencher. A prova de que o formulário é complicado demais pro povo: A atendente disse que fui o primeiro a apresentar o código da pré-postagem. Mas viu que estava errada a opção documento (era livro), pois tinha de ser não-documento. O funcionário não conseguiu alterar. Teve de fazer tudo de novo, descartando a pré-postagem. Ou seja: Só tempo perdido na infernal barafunda burocrática da pré-postagem.
Não sou programador profissional mas uma de minhas paixões é programar. Fiz muitos programas complexos no antigo basic. Assim posso afirmar que o programa foi feito com descaso, desleixo, sem testar à exaustão. E pelo entorno da página e a tentativa de uso, que os administradores não se importam em garantir que seja útil e funcione perfeitamente.
Por mais que sintamos saudade do correio dos anos 1980, empresa que se transformou numa butique caríssima e cheia de quatro-pesos, com critérios cada vez mais complicados e pouco interessada em facilitar o atendimento cada vez mais lento burocrático e complicado, não posso reclamar dos funcionários que recebem e que entregam os pacotes, que se comportam como amigos, coisa muito rara em funcionários de seja-lá-o-que-for, mas dos programadores e dos administradores, deus-nos-livre-e-guarde!
Agora tento enviar uma reclamação. Até isso é difícil. Só há opções fixas, referentes a postagem específica. Tem de apresentar um código de registro!
A ouvidoria também é inacessível. Exige um protocolo de atendimento!
Reclamar dá mais trabalho que preencher o formulário!
Viste como funciona uma ditadura maquiada?
Tudo faz lembrar a CEF. Sempre com propaganda que tem isso, tem aquilo, que é do povo… Mas quando se precisa usar sempre tem um porém que inviabiliza. Em 2007 tive de fazer minha casa a toque de caixa. Consultei a agência onde tinha a conta-salário. Ali não informava. Tive de ir à agência Barão do Rio Branco, onde tinha uma fila imensa e um atendente arrogante e antipático. A CEF tem um feirão nacional de imóvel. Mas não sabia se teria em Campo Grande. A informação nunca chegava. Enfim não teve o tal feirão aqui.
Nessa época o Bradesco conseguira tomar o lugar da CEF como banco-salário no órgão. Consegui toda informação e fiz o financiamento ali mesmo, sem me levantar da cadeira. Quando deu aquela baixa de juro no primeiro mandato Dilma minhas prestações restantes diminuíram e quitei tudo, me livrando das pesadas prestações.
Já quem tinha financiamento na CEF, não, pois ela só baixou o juro aos empréstimos novos!
● No fim de ano uma barulheira de serra na rua. Finalmente estariam tapando o buraco sempre cheio dágua diante de casa. Mas não. Taparam ao lado, onde não tem buraco!
● O campo-grandense tem mania de grandeza. Gosta de exibir riqueza. Come frango e arrota caviar. Por isso tem tanta camionete. Mas se vê que é ostentação, pois as camionetes nunca estão empoeiradas nem embarradas duma viagem à fazenda, e nunca levam carga na carroceria. Costumam estacionar na esquina, o que tira a visão no cruzamento, pondo em risco quem passa em carro. Esses carros altos, quando estacionados na frente, tiram a visão, fazendo com que pra sair do estacionamento no meio-fio se jogue roleta-russa, sem ver se vem carro. Outro problema foi a liberação de vidro escuro, de modo que não mais se pode ver através do outro veículo nem se o motorista está sinalizando.
● Furgão de empresa não tem erro. É bom ficar longe, pois sempre com pressa, aloucado, costurando, verdadeiros fitipáldis (mas tá mais pra Corrida maluca). Outro a se ficar longe é o chapeleiro em camionete. Geralmente peão de fazenda, sem carteira. Cuidado também se o motorista for adolescente, ainda mais se tiver uma garota ao lado.

No estacionamento do atacadão da Duque de Caxias
Sentido sem sentido

● Cerca de 1977. A professora Elizabete, de história, falando sobre história geral, se dirigiu a um colega meu, Adão, que morava na casa fazendo fundo com a nossa:
— Em qual idade estamos? Antiga, média, moderna ou contemporânea?
— Moderna.
— Aé!? Então estamos no tempo de Pedro Álvares Cabral? Estamos na idade contemporânea!
Claro que não se espera que um garoto de 11 anos conheça o vocábulo contemporâneo. É um daqueles episódios que nunca esquecemos, como tantos outros, que por algum motivo o inconsciente manda deixar ali, não despejar. Estranho me lembrar o nome do colega e da professora. Mistérios do cérebro. Nunca esqueci o endereço nem o telefone donde morei em Brasília, 1971 e 1972, com tis e primos e tive infância feliz: SQS 209, apartamento 106, telefone 43-0863.
Sempre me lembro do episódio quando leio texto, se referindo ao século 20, quando se fala sobre modernismo e se diz coisas como dispõe de equipamento moderno, as modernas instalações, idéias modernas… Até mesmo os grandes nomes da era moderna!
Sempre me faz lembrar do conhecimento sem sabedoria, da culta ignorância daquela professora, uma obesa e muito mal-humorada, distímica mesmo, professora a quem dar aula parecia um fardo terrível.
Quê culpa tinha Adão? Pois se freqüentemente lia e ouvia as expressões que exemplifiquei e muitas mais! É lógico que em sua mente, na minha e em todos nós, se associa moderno a atual, contemporâneo, avançado, novo. Nunca ao tempo de Cabral.
Quem tinha de levar a bronca era o historiador, ou seja-lá o quê era, que inventou essa classificação das eras históricas, pois não como cientista mas como cabeça-de-vento qualquer, criou essa classificação mal-elaborada, equivocada.
Outra grande sacanagem que sempre fizeram com as crianças na escola é cobrar decorar conjugação verbal. Me lembro de que eu era o único que sabia de cor, na ponta-da-língua. Aos outros era uma tortura.
Todos os gramáticos, todas as professoras de português sabem. Só parece que não sabem que é pra usar, não só pra memorizar. Não! Têm aquilo como um rito, como uma jóia a ser guardada, uma reza (Talvez seja inconsciente o vocábulo usado em gramática, que sempre me pareceu bizarro: Oração), estranhamente não conectando a conjugação à construção das frases.
Eu sou, tu és, ele é, nós somos, vós sois, eles são
Fizera eu, fizeras tu, fizera ele, fizemos nós, fizerdes vós, fizeram eles
Pra quê? Se ninguém usa, pois todo mundo esculhamba as conjugações, sejam jornalistas, escritores, nivelando tudo por baixo. Podes pegar o texto mais culto, a antologia mais cuidadosa, o texto mais pomposo. Nunca vi algum que não fosse total esculhambação de pronomes, preposições, verbos. Mesmo as obras mais pretensiosas usam o português popular, popularesco. Nunca vi e creio que nunca verei. Torturam as crianças estupidamente, pra nada.
E por falar em sistema mal-elaborado, me lembrei duma curiosidade do idioma castelhano, uma palavra impossível.
[Não existe idioma espanhol, e sim castelhano]
A palavra é o imperativo do verbo salir (sair), salle (sai-lhe). A forma popular errônea ¡Salle de aquí! (sai-lhe daqui!), deformando conjugação e uso pronominal, em vez de !Salgas de aquí! (Saias daqui!)
A tal palavra impossível é produto duma grotesca forma de construção da frase.
Mas o caso é que o tal bugue ocorre (ocorreria) porque em castelhano o dígrafo correspondente ao nosso LH é LL. Então salle se pronuncia salhe, quando deveria ser sale, porque, sendo idioma mais arcaico, não usam hífen pra anexar pronome ao verbo e não cai o L supérfluo (como o N em inmediatamente, imediatamente, castelhano e português, respectivamente).
O imperativo de salir é salgas. Salle é uma forma arcaica e esdrúxula, criada por literatos pomposos, que mais deformam que enfeitam o idioma.
— ¡Salgas de aquí!
Outro exemplo é o popular dime, quando o simples e correto é digas.
— Digas lo que quieres
em vez do popular e falsamente erudito
— Dime lo que quieres
Pra ordenar alguém a sair (segunda pessoa) se usaria te e não le (lhe). Le é prà terceira pessoa. O problema é que o uso popular é errôneo, confundindo a segunda e a terceira pessoas: Le en vez de te, suyo en vez de tuyo, en vez de ti, etc. O mesmo problema ocorre em português.

Coleção de cartão-postal de Joanco








Um comentário:

  1. William Friedkin também dirigiu uma adaptação de "O Salário do Medo" em 1977 chamada Sorcerer (no Brasil: "O Comboio do medo") que faz parte do box "O Cinema da Nova Hollywood" que foi lançada em 2016 pela Versatil Home Video.
    Por favor, mais informações sobre Karin Knoblich! Pesquisei nas internetes e não achei nada sobre a bela.
    E por falar em belas, muito bonitos os cartões postais da 14 TRC 146 (ah, os franceses!). Até me deu vontade de fazer rádio-escuta. Pena as estações de DX e RX estarem minguando aos poucos.

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