Sociedade Gráfica
Vida Doméstica, 144 páginas, capa dura, formato 23x31,5cm², Brasil
sobre
a editora:
Linda edição em
formato maior que o almanaque do Globo
juvenil, não cabendo no escâner, tendo de ser fotografado.
O interessante é
que são outros quadrinhos, diferentes dos tradicionais, a tornando muito
diferente do Globo juvenil e sucedâneos.
Uma novela de
Malba Tahan, A caixa do futuro, uma
interessante crônica sobre os provérbios de quartel, uma excelente aventura em
quadrinho colorido, Satã do universo,
sucedâneo de Flash Gordon.
Muita curiosidade,
estórias em quadrinho de qualidade e belos contos que textualizei e reuni em
.pdf:
No conto A fonte da Alegria, um pouco resvalando
mais ao moralismo bom-menino, bem típico da época (Se nota nitidamente que a
editora era católica), mas nem por isso perdendo a qualidade literária, pra
acessar à fonte o menino é provado pelos guardiães. Ali não poderá entrar com
seu cão. Os guardiães têm como virtude o menino se desapegar do cão e seguir a
diante. O que me fez me lembrar doutro conto, onde o sujeito foi informado de
que pra entrar no Paraíso terá de ir só, deixando o cão, que não pode entrar.
Como se recusou a entrar sem o cão, foi considerado sujeito virtuoso, que não
abandona o amigo pra obter benefício. Se aceitasse entrar sozinho seria barrado
de vez.
O que mostra que a
coerência não é a tônica nos contos moralistas. Uma moral circunstancial e
arbitrária, pois moral não existe na natureza. É uma invenção humana. Já
percebi, comparando outros contos, contradições assim. Um conto moral pregando
uma coisa e outro pregando outra oposta. Se o leitor tiver curiosidade
perceberá muito disso nos contos morais.
No belo conto Trágica madrugada fiz uma nota de rodapé
na curiosidade de esclarecer o apelido uma personagem, Sarigüê. O animal
sarigüê é o gambá.
Desconhecendo a
palavra, e lamentando a neobagunça ortográfica, não sabia se a pronúncia é
sarigüê ou sarighê.
Melhor seria se
usassem o w (e já que fizeram a maluquice de colocar k,w e y de volta ao
alfabeto e expulsar o trema. Pobre trema, que terá de fazer companhia a Plutão
(O til que fique esperto, pois os expertos o matarão: Plutão Logo virará Plutao),
já que têm preguiça de usar trema: Sarigwê.
— E agora? Se todas as páginas aderiram a
neobagunça ortográfica não saberei como se pronuncia.
Sorte que apareceu um dicionário que não
aderiu à neobagunça.
Não tem como um idioma ser como um código,
bem matemático. Seria enfadonho. Mas se ficar muito ideográfico também é ruim. O
ideal é um meio-termo satisfatório. É como num conto onde a fantasia e a
ciência se dosam, não sendo documentário nem fantasia pura. O grande autor sabe
dosar, como ao fazer uma limonada, sem adoçar nem azedar demais. Pra isso precisa
talento. Que é o que falta aos reformadores bem intencionados mas
incompetentes.
O almanaque de 1956 já está fotografado. Em breve
será postado.
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