quinta-feira, 21 de abril de 2016

Sociedade Gráfica Vida Doméstica, 144 páginas, capa dura, formato 23x31,5cm², Brasil
sobre a editora:
Linda edição em formato maior que o almanaque do Globo juvenil, não cabendo no escâner, tendo de ser fotografado.
O interessante é que são outros quadrinhos, diferentes dos tradicionais, a tornando muito diferente do Globo juvenil e sucedâneos.
Uma novela de Malba Tahan, A caixa do futuro, uma interessante crônica sobre os provérbios de quartel, uma excelente aventura em quadrinho colorido, Satã do universo, sucedâneo de Flash Gordon.
Muita curiosidade, estórias em quadrinho de qualidade e belos contos que textualizei e reuni em .pdf:
No conto A fonte da Alegria, um pouco resvalando mais ao moralismo bom-menino, bem típico da época (Se nota nitidamente que a editora era católica), mas nem por isso perdendo a qualidade literária, pra acessar à fonte o menino é provado pelos guardiães. Ali não poderá entrar com seu cão. Os guardiães têm como virtude o menino se desapegar do cão e seguir a diante. O que me fez me lembrar doutro conto, onde o sujeito foi informado de que pra entrar no Paraíso terá de ir só, deixando o cão, que não pode entrar. Como se recusou a entrar sem o cão, foi considerado sujeito virtuoso, que não abandona o amigo pra obter benefício. Se aceitasse entrar sozinho seria barrado de vez.
O que mostra que a coerência não é a tônica nos contos moralistas. Uma moral circunstancial e arbitrária, pois moral não existe na natureza. É uma invenção humana. Já percebi, comparando outros contos, contradições assim. Um conto moral pregando uma coisa e outro pregando outra oposta. Se o leitor tiver curiosidade perceberá muito disso nos contos morais.
No belo conto Trágica madrugada fiz uma nota de rodapé na curiosidade de esclarecer o apelido uma personagem, Sarigüê. O animal sarigüê é o gambá.
Desconhecendo a palavra, e lamentando a neobagunça ortográfica, não sabia se a pronúncia é sarigüê ou sarighê.
Melhor seria se usassem o w (e já que fizeram a maluquice de colocar k,w e y de volta ao alfabeto e expulsar o trema. Pobre trema, que terá de fazer companhia a Plutão (O til que fique esperto, pois os expertos o matarão: Plutão Logo virará Plutao), já que têm preguiça de usar trema: Sarigwê.
— E agora? Se todas as páginas aderiram a neobagunça ortográfica não saberei como se pronuncia.
Sorte que apareceu um dicionário que não aderiu à neobagunça.
Não tem como um idioma ser como um código, bem matemático. Seria enfadonho. Mas se ficar muito ideográfico também é ruim. O ideal é um meio-termo satisfatório. É como num conto onde a fantasia e a ciência se dosam, não sendo documentário nem fantasia pura. O grande autor sabe dosar, como ao fazer uma limonada, sem adoçar nem azedar demais. Pra isso precisa talento. Que é o que falta aos reformadores bem intencionados mas incompetentes.
O almanaque de 1956 já está fotografado. Em breve será postado.

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