quinta-feira, 2 de outubro de 2014

● Na cidade, em toda parte vemos sorriso. Se olhar na traseira dum carro, sorriso. Na fachada duma casa ou num muro, mais um ou dois rostos sorridentes. Sorriso de bigode, sorriso de mulher pícara.. A caixa de correio abarrotada de sorriso. Mas esta não é a cidade-sorriso, de população alegre e bonachona. Não é carnaval nem são-joão. São os panfletos e cartazes de candidatos municipais grassando e sem-graçando na cidade. Todos sorridentes. Sorriso de político, sorriso de misse. Tão simpáticos, tão amiguinhos. Mas na intimidade, tenhas certeza, ó leitor, é deboche atrás de deboche. Me dá vontade de vomitar ao abrir a caixa de correio, ao ver o cartaz na traseira do carro que vai na frente, ao ver a fachada da casa de seus ingênuos adeptos ou cabos-eleitorais. Se gasta uma fortuna pra sustentar essa utopia, essa fantasia, essa festa pobre, insossa, vetusta, brega e chata chamada democracia, baseada no mesário-escravo e no voto obrigatório. Na fatura do cartão veio um número pra ativar o extrato eletrônico. Diz que é pra economizar papel. Primeiro que esses diabos sardônicos economizem papel!
● Concursos de conto, tão burocráticos, fazem tanta exigência, que mais parecem concurso público. Concursos industrializados. É muita preguiça e muita folga. Com mais regulamento que legislação brasileira. Querem tudo formatadinho. Com tantas páginas, etc.
Concurso de verdade não tem inscrição e se descobre o talento onde e como estiver. Imagines se os irmãos Grimm, ao coletar os contos populares, tivessem a mentalidade desses pseudo-intelectuais que promovem esses concursos de polichinelo. Exigiriam que o camponês escrevesse em linguagem formal, redigisse em laudas com tipo tal, tamanho tal, sem serifa, com margens de tamanho tal, com número mínimo e máximo de páginas e com data limite pra entregar.
Burocratas travestidos de intelectuais. Estão mais pra madame dona de butique que pra agentes literários.
Seus farsantes: Vão tourear pato na Coréia!
● Recebi o exemplar da segunda edição de O mundo fantástico de HP Lovecraft, revisada. Agradeço a citação de meu nome no prefácio e o exemplar extra de brinde.
Lamento que minha reclamação contra a mutilação que a revisora fez em minhas traduções foi mantida. O editor concordara em consertar isso. Caso dissesse que manteria a coisa como estava, que era seu direito, eu então decidiria se compraria o exemplar da segunda edição.
O que a revisora fez foi mutilação. Foi combinado com a equipe que só seriam corrigidos erros de fato, que não se mexeria em estilo. Cumpri estritamente o combinado mas minha revisora não. A revisora cismou que uma nota de rodapé minha era coisa pessoal e a excluiu. Noutro texto do livro, doutro tradutor, outra nota, de mesmo cunho, portanto também pessoal (nunca vi um escrito que não seja pessoal, a não ser livro técnico) foi mantida. E foram colocadas notas, que não são minhas, constando como nota do tradutor, portanto informação errônea.
A revisora inseriu vícios de linguagem que abomino, contra os quais já postei artigos criticando o hábito. Então aparece tradução minha com aqueles vícios todos, com meu nome. Que prato cheio pra meus detratores!
Por isso renego, refugo, rejeito, reprocho e repudio as duas revisões feitas. Eis as genuínas:


2 comentários:

  1. Bravo, bravo!
    Esses cretinos gastam toneladas de papel com o sacrifício de milhares de arvores.

    Parabens!

    Ayres

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  2. O único candidato que não aparecia sorrindo era aquele antigo e já falecido que dizia:
    Meu nome é Eneas!

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