● Gafe
engraçada: O locutor Boechat, no Jornal
da Band, 13.06.2014: ...Laranja mecânica, como chamavam a clássica seleção
holandesa dos anos 80...
É de 1974
● Na
mesma semana e canal, um jogador brasileiro, falando sobre sua vida em 2013:
...Muitos
não conseguiram se manter mas eu consegui se
manter.
Se cobram
tanto magreza e movimentação física de intelectuais, por que não cobram cultura
dos desportistas?
● Incrível
como os narradores desportivos não sabem a diferença entre argelino e argeliano.
Saint-Germain se pronuncia sén-germén,
e não sã-germã. Claro que não têm
obrigação de pronunciar corretamente outro idioma mas deveriam ter a
curiosidade de saber, pra mostrar aos telespectadores (ainda mais que esse
Saint-Germain, São Germano em francês, é muito citado. Imaginem o Umeå). Mas
infelizmente sofrem de síndrome de Brotoeja, só enxergam bola. Vivem num mundo
hiper-especializado, onde a cultura... bem... nem sabem o que é. Alguém
comentou que neste ano não tem uma música-tema da seleção canarinho, e o comentarista,
no meio do jogo disse que jogo se ganha assim, não com musiquinha! E o cara é
admirador do Obama! Esse é o nível intelectual e cultural desses caras. Esses
caras desjejuam, almoçam, lancham e jantam futebol, com isso ficam monotônicos,
num mundo muito pobre. Que bom, pra eles, que são felizes assim, em seu mundo
desértico, rochoso e cheio de tempestade de areia, com a qual se divertem
muito, se profissionalizam dissecando o fenômeno em todos os ângulos. E isso é
o que é ruim, o extremismo. Tudo o que é exagerado é veneno. A vida consiste na
variedade, um pouco de tudo, apenas predominando seu gosto, tendência.
É uma pena que
não tenhamos uma música-tema. Mas seria de se esperar nesta época de baixa
cultural, com humorismo decadente, música pífia, carnaval chocho... Tudo é
cíclico. Estamos numa fase de baixa.
Não sou
fanático anti-desportivo. Um gol trabalhado, plástico, é arte. Muito diferente
da hiper-valorização que se dá ao atletismo, muito diferente da vitória a todo
custo, do formalismo e protocolismo, que já foge às raias da bestialidade e da
brutalidade.
Não devemos
virar patrulheiros ideológicos, torcendo o nariz até pra criança que festeja
colecionar figurinha da cororopa. Se é verdade que é um desporto pra imbecil,
não quer dizer que quem gosta seja imbecil. É como a cerveja: Os inteligentes
saboreiam, compram as de qualidade. Os burros tomam até vomitar, mesmo as
piores.
A verdade é
que se não fosse o futebol veríamos lutas religiosas. Que seja o futebol,
então.
Se pode bater
no peito, chamar campeão, aquele que mostra superioridade indiscutível, como a
seleção de 1970. Que se enfrentar um adversário dez vezes ganha dez vezes.
Ganhar por circunstância, por dependência dum craque, por erro de juiz, por
penal, etc, é comemorado por imbecil. É mais um resquício do formalismo e
protocolismo.
Mas o que se
pode esperar se até hoje o sujeito que dribla o adversário é caçado e quebrado,
e o agressor diz que futebol é jogo pra macho?!
● O que
sustenta a grande mentira de que esporte (na verdade se trata de desporto) é
saúde é a grande indústria, tanto de material desportivo quanto a do
estado-espetáculo, as fifas da vida. Correr 90 e tantos minutos naquele campo
gigante, sob sol ou neve, é saúde?
Os caras que
jogam em fim de semana vivem se quebrando, arrebentando joelho. Sem falar que
aguardam o final pra se encher de cerveja. Isso é saúde?
Aqui, seja na
praça do Papa ou no Belmar Fidalgo, se vê muitos ingênuos em caminhada, achando
que estão a caminho da saúde. Observei que só tem obeso ali. Que saúde
arranjarão andando, pra chegar em casa famintos e comerem em dobro? E
sacrificando os joelhos, que têm de sustentar todo aquele sobrepeso!
● Por que
tanta burocracia? Os times deveriam ter ilimitado direito de trocar jogador.
Entrar, sair, voltar. Assim seria menos brutal. Não se torraria ao sol. Por que
esse formalismo estreito, estrito e tacanho de dispor dum número exíguo de
substituição? Excesso de burocracia. Regras inventadas por anciãos caducos que
nunca jogaram e não sabem o sacrifício que é.
Também não
deveria existir posição fixa. Deveria ser como no vôlei, rodando. Todo mundo
joga em todas as posições, mesmo de goleiro. Então sim, se um tal é craque,
seria craque mesmo, não craque só numa posição.
● O ideal não
seria pôr Neto como treinador da seleção canarinho? Por que pôr os técnicos
tradicionais por que não os comentaristas que acertam todas?
● Alguém se
lembrou de são João? Agora só o padroeiro dos futebolistas (que deve ser algum
santo coxo ou perneta).
● Será mesmo
preciso parar tudo nos jogos da pátria de chuteira? E se a cororopa ficar igual
os campeonatos daqui (todos jogando contra todos, como deveria ser), ficaremos
parados o ano inteiro? Por que o Carnaval não dura o mesmo tanto?
● Antes era só
a seleção canarinho. Então tudo estava centralizado nela. Era o representante
do país. Mas hoje tem juvenil, júnior, sub-20, sub-17, sub-isso, sub-aquilo,
salão, olímpica, para-olímpica, feminina... Como os canais de tevê, que são
tantos. Sem falar em vôlei, basquete, rendebol...
● Após a
cororopa é preciso refletir. Valeu a pena sediar? Que seja feita análise
profunda, por gente que entende de economia e assuntos afins. Não impressões,
opiniões leigas, estereótipos e sofismas. Fazer o balanço.
Por exemplo:
Estudos matemáticos demonstraram que alargar as pistas e ou abrir novas não
necessariamente desafoga o engarrafamento de tráfego. Comumente ocorre o
oposto.
Como na lenda
do tabuleiro de xadrez, onde o prêmio ao inventor é 1 grão de trigo no primeiro
quadrado, 2 no segundo, 4 no terceiro, e ir dobrando até o 64º quadrado. Nosso
senso comum imagina um valor de apenas centenas de grãos essa soma, quando na
realidade é um número astronômico, uma produção de trigo de milhões de anos.
Outro sofisma
comum é o do tipo: O time A sofre um pênalti e o juiz não dá. Em seguida o time
A marca um gol. Então o comentarista brada contra o erro e diz que se o juiz
desse o penal o jogo estaria em 2x0. Isso é falso. Poderia estar 2x0, mas não
necessariamente. O jogo, como toda a realidade, é uma reação em cadeia. Se o
juiz marcasse o penal isso levaria a uma distribuição diferente dos jogadores,
a outro ramo da cadeia de evento, o cobrador do penal marcando ou não o gol.
Poderia sair outro gol mas não aquele que foi marcado. A cadeia de evento poderia
ser de modo que o cobrador errasse, levando a um desânimo, e o time A levando
um gol e perdendo o jogo. Então o que pareceu uma justiça acabou sendo um
castigo. Portando o raciocínio do narrador do jogo é um sofisma, um raciocínio
condicionado, simplista, que nosso senso comum comumente nos leva.
Em matemática
elevar ao quadrado e tirar a raiz quadrada, diferente do que imagina o senso
comum, não é o mesmo que tirar a raiz quadrada e elevar ao quadrado. Assim
(lembrar que |x| é módulo de x, valor absoluto):
(x½)2
= x
(x2)½ = |x|
(não
só quadrado, mas a todo expoente par. Por exemplo, 4 e ¼, 6 e 1/6...)
Assim a
derivada de x (claro, em relação a x) é 1. A derivada de |x| é |x|/x (ou x/|x|,
que é o mesmo) (que é, em notação
inadequada, ±1).
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