domingo, 21 de julho de 2013

A única musa sem silicone nem anabolizante
(por enquanto)
A musa do paraíso
Acostumado a, no Carnaval, ver Luma de Oliveira 87 e musas do mesmo quilate, o folião viu uma musa-ciborgue, que do alto do carro alegórico exibia um corpo inchado, pernas musculosas e seios tão grandes que não sei como conseguia ficar em pé. A voz grossa, não masculina, mas duma rouquidão esquisita. O anabolizante já deve ter afetado o cérebro, pois se achava linda. Tudo muito constrangedor.
Chegou ao portal do Paraíso e reclamou a são Pedro.
— Mas quê-diabo! O pedido que fiz foi morrer feliz, vendo o que mais gosto!
— Calma! O patrão não falha. Consultarei aqui, pra ver o que aconteceu.
— Quero morrer vendo minhas musas, não esses monstrengos hipertrofiados!
— Paciência. A internete celestial está um pouco lenta. Sabe como é: O patrão não investiu muita graça na linha de transmissão.
— Em meu tempo os travestis imitavam as mulheres. Nunca pensei um dia as mulheres fossem imitar os travestis.
— Achei! Mas não tem promessa relacionada a musa carnavalesca.
— Não? Mas fiz uma.
— Aqui tem um pedido. Já faz bastante tempo. Estavas reclamando de que não tem mais o Cine trash, aquela sessão de filme de ficção-científica-horror-fantasia na tevê. Que tens muita saudade daqueles filmes cheios de monstros de três cabeças, bestas gosmentas e mulheres de três peitos.
— É verdade. Sempre reclamei isso.
— Não podes reclamar. Transformamos o Carnaval só pra te atender. Tá cheio de mulheres-monstro. Queres um filme B mais grotesco que essas musas siliconadas-anabolizadas?
— Mas falta melhorar o enredo.
— Quê enredo?
— Ambos: Do samba e do filme.
E o folião conseguiu voltar à Terra, pois faltou o enredo pra ser filme B.


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