● Uma crônica
falou sobre a estranha proeminência do telefone sobre a pessoa. Que sempre se
interrompe uma conversa quando toca o telefone. Parece que inconscientemente se
tem a expectativa de que quem telefona seja mais importante do que quem está
presente. E contou que uma vez foi se entrevistar com uma personalidade e a
todo momento era interrompido por um telefonema. Não conseguia falar com o
sujeito. Então se levantou, foi embora e procurou um orelhão na rua. Assim
conseguiu falar com o tal sujeito. Mais de uma vez meu advogado me atendeu
assim, a todo momento me fazendo esperar concluir sua conversa ao celular.
Troquei de advogado. São novas modalidades de falta de educação, a serem
inseridas nos livros de etiqueta. Com a generalização, ou melhor, banalização
do celular surgiu uma nova modalidade. Nesta semana um vendedor da Net tocou a
campainha pra oferecer plano. Quando abri o portão o sujeito estava falando ao
celular. E ali fiquei naquela situação bizarra, diante do sujeito falando com
outro cliente. Não fosse a novidade da situação e a idéia de escrever sobre
isso e já faria o que farei nas próximas: Fechar o portão na cara do sujeito,
pois a boa-educação é uma via de mão dupla.
● Laranja-lima, todo-poderoso, mais exemplos do hífen que o pessoal não usa. Então
pra quê reforma ortográfica?
● Diz que o
vôlei foi inventado com a idéia de se criar uma modalidade sem contato, pra se
evitar esbarrões, calçagem e demais faltas, que são difíceis de discernir.
Então que tal se criar uma modalidade imune a erro de arbitragem? Seria
interessante, pois uma das características mais desagradáveis, especialmente do
futebol, é isso.
● Parece que
decisões como aumento do salário mínimo ou queda de juro tem impacto direto
quase nulo em nossa vida mas vejamos dois exemplos. Em 2000 e pouco eu e papai
administrávamos uma casa grande de nossa parente, que tinha de ter empregada.
Rita ficava feliz a cada aumento do mínimo mas logo expliquei que não é tão bom
assim. Ela pensava que o aumento do mínimo era automaticamente aumento em meu
salário também. Expliquei que nada tinha a ver. Expliquei que a cada novo
aumento do mínimo mais domésticas demitidas porque cada patrão se exaure. Eu disse,
jocosamente, que logo terei de complementar seu salário indo até sua casa pra
passar fazer faxina e passar roupa. Mais tarde cozinhar e servir de babá. Logo
a única saída será propor a volta da escravidão. O segundo exemplo é atual. Um
amigo ia alugar, a um funcionário seu, uma casa minha cujos inquilinos saíram.
Mas desistiu porque o dinheiro sumiu do mercado. Disse que as pessoas só estão
comprando moto, carro, terreno e casa. Ficou evidente que é por causa da queda
de juro. O pessoal acha que pode durar pouco, como a temporária diminuição do
IPI que teve, por isso dá prioridade a compras daquele tipo. Tudo se acomoda
mais tarde mas no começo é esse terremotinho.
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