Imagem tirada de http://marcus-mayer.com/blog/category/reforma-ortografica/
A reforma ortotrágica
Sobre a mais
recente reforma ortográfica, nada contra simplificar a escrita, mas o argumento
de unificação luso-brasileira está falho. Vejamos:
● Se a reforma
visa unificar a ortografia nos países lusófonos, unifica, mas durante quanto
tempo? Presse fim antes do acordo ortográfico teria de se implantar uma
interação entre os países: Os livros, jornais, telejornais..., tudo indo e
vindo como se num mesmo país. Isso não foi feito. O acordo ortográfico antes
disso é pôr a carroça diante dos bois. Então em poucas décadas a ortografia
divergirá novamente, por falta dessa interação. Sendo tudo um desperdício de
esforço, tempo e dinheiro. Muito antes dum acordo ortográfico deveria estar
funcionando uma comunidade lusófona, igual ao commonwealth britânico. Isso tudo revela uma ingênua visão
geopolítica.
● Lendo livros
portugueses não sinto desconforto nem estranheza. Apenas alguns vocábulos
ligeiramente diferentes, como aconteceria com qualquer regionalismo. Nada mais.
● Nada se
falou sobre as acentuações tipo atómico,
lámpada, génio, António... (no
Brasil atômico, lâmpada, gênio, Antônio) ou, por exemplo, parámos. No Brasil nas duas formas se escreve paramos. Em Portugal:
Parámos: Primeira pessoa do plural do
pretérito perfeito do modo indicativo do verbo parar.
Paramos: Primeira pessoa do plural do
presente do modo indicativo do verbo parar.
No Brasil: Sempre paramos
diante daquela porta, mas tendo festa na vizinhança, estava tudo ocupado. Só
bem longe finalmente paramos.
Em Portugal: Sempre paramos
diante daquela porta, mas tendo festa na vizinhança, estava tudo ocupado. Só
bem longe finalmente parámos.
● Se a
intenção é unificação ortográfica, não se levou em conta uma séria de
diferenças vocabulares Brasil-Portugal:
canadense –
canadiano
Iugoslávia –
Jugoslávia
Moscou –
Moscovo
dezesseis, dezessete
– dezasseis, dezassete
registro –
registo
rastro – rasto
equipe –
equipo
caminhão –
camião
próton –
protão
nêutron –
neutrão
elétron –
electrão
méson – mesão
íon – ião
aníon – anião
catíon –
catião
taoísta –
tauista
terremoto –
terramoto
umidade –
humidade
...
Não se trata
apenas de se suprimir o c mudo, como
em acção, direcção, etc, pois isso não ocorre em dicção, pactuar, convicção, etc. Idem o p mudo, como em baptismo, óptimo. Mas não
corre em optar, opção, por exemplo.
● Qual a
serventia de tanta normatização se a imprensa escreve tão errado? Basta passear
nas páginas internéticas em geral e nas folhas de jornal pra se ver o relaxismo
ortográfico. A reforma normatizando tanto o uso do hífen mas na prática já
parece abolido: Filho-da-puta, lua-de-mel, todo-poderoso, pão-doce, pão-queijo, pão-de-açúcar, pão-de-mel,
bom-humor, bem-humorado, batata-doce...,
comumente escrito separado. De nada adianta uma reforma ante uma imprensa que
escreve tão mal. A situação é tão crítica que até hoje há quem escreva cajú, urubú, maracajú, anhembí, jabutí... Isso sem falar na
praga de estrangeirismo.
● Um efeito
colateral de muita simplificação é a dubiedade da pronúncia. O que aproximará o
português duma péssima característica do inglês. Uma palavra nova trará dúvida
quanto a sua pronúncia. Com a supressão do trema, imaginemos uma palavra nova axuguenta. Será pronunciada açuguenta, azuguenta, acsuguenta, achuguenta, açugüenta, azugüenta, acsugüenta, achugüenta?
A queda dum acento diferencial é exemplificada no nome do
arquipélago de Abrolhos. Erroneamente se pronuncia abrólhos e se diz que se originou da expressão Abre olhos!, por
causa dos recifes, perigosos à navegação. Mas abrolhos é uma vegetação e se
pronuncia abrôlhos. Em Poços de
Caldas há uma rua Abrôlhos. Essa
grafia, com acento circunflexo, está em livros de ortografia arcaica, onde está
grafado abrôlhos. Por exemplo, em Revista
contemporânea de Portugal e Brasil: publicacão mensal, Volume 2:
Taes foram as
primeiras scenas da vida da vida nupcial de Catharina de Würtemberg. Não
custará a crer, que pela continuação ella pizasse mais abrôlhos do que flores!
No dicionário
KingHost Abrolho: sm Planta rasteira
e espinhosa da família das rutáceas. Ponta ou pua do fruto dessa planta.
Espinho, estepe. Escolho, recife. Figurativo: Dificuldade, amargura (Vida cheia
de abrolho)
● Conclusão: Uma
reforma ortográfica romântica, ingênua, equivocada, apressada, mal-planejada,
mal-concebida. Desperdício de tempo, esforço e dinheiro.
imagem extraída de http://come-se.blogspot.com.br/2008/08/este-pudim-da-lata.html
Pudim de mel Che Guavira
· mel equivalente 1 lata (295g) daquelas de leite condensado
· a mesma medida de coalhada (creme de leite ou iogurte
natural)
· 4 ovos
Bater os ovos
e misturar tudo no liqüidificador, batedeira ou mix. Pôr essa mistura na fôrma
anelar untada. Levar ao fogo, tampado, no banho-maria típico de pudim até dar
consistência (que se verifica enfiando uma faca na massa).
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